Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a Secretaria Municipal da Mulher realizou, nessa terça-feira (25), o 2º Seminário das pretas, que contou com cerca de 200 participantes. O evento foi realizado na sede da Secretaria e contou com a presença da cantora Gê Lacerda, além de palestras, rodas de conversa, oficinas e a feira ‘Afro Mulher’.
Versando sobre o tema “Panorama das Políticas Públicas para as pretas”, a professora e Drª Cândida Soares da Costa deu início ao ciclo de palestras, que também contou com a participação da doutoranda em história, Nina Maria de Meira Borba, que abordou a temática sobre a mulher preta e a luta pela emancipação e autonomia durante a escravidão.
Também participaram Lupita Amorim, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação, Juliane Cajú e a Miss Beleza do Brasil, Nathalia Prazeres.De acordo com a secretaria adjunta da pasta da Mulher, Elis Regina Prates, o objetivo do seminário, além de marcar a data expressiva e importante para o movimento negro, é também fortalecer as mulheres negras que estão nas periferias, para que elas compreendam que podem ter potencial para alcançar lugares onde imaginam estar.
“Acreditamos que um dos caminhos de luta se faz pela aprendizagem. Neste sentido, desejamos criar um espaço de diálogo, pensando em nossos locais de atuação e formando uma grande rede de compartilhamento carregada de potência e produzida sob o olhar de mulheres pretas. Por isso, nos reunimos com grandes mulheres que aceitaram o convite de participar desse evento”, afirma.
Para Maria Rosi de Meira Borba, magistrada e atual presidente da Associação Mato-grossense de Magistrados (AMAM), o seminário foi uma oportunidade de conscientização real, não apenas para as mulheres negras, mas também para as mulheres brancas que também participaram. Ela ressalta que o evento foi de grande aprendizado, onde se fala sobre dor, resgate e que deveria ser replicado em outros locais, tanto públicos como privados.
“Todas as participantes saíram daqui sabendo um pouco mais sobre respeito, sobre os preconceitos estruturais, que são reações que às vezes temos sem ter noção de quanto estamos interferindo negativamente na vida do outro”, observou.
Segundo a professora e doutora Cândida Soares da Costa, o seminário busca reafirmar e a importância das mulheres negras e da população negra para a sociedade brasileira. Ela reforça que este evento tem uma presença marcante de pessoas negras e que tão importante quanto isso é ter a celebração de políticas públicas definidas e implementadas, que definam todo um compromisso social contra o racismo.
“O dia de hoje deve ser de culminância das ações, das políticas públicas, das decisões políticas que devem ser fundamentais para a transformação da sociedade, que é profundamente desigual e essa desigualdade é amparada no racismo”, fala.
Dia 25 de Julho
O dia 25 de julho é lembrado em todo o mundo como Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, é também Dia de Tereza de Benguela – data instituída através da Lei nº 12.987/2014, como forma de reforçar a busca por igualdade de direitos e marcar a resistência da mulher negra para ter visibilidade na luta contra opressão de gênero, raça e etnia a que são submetidas dia após dia.
A data é também uma homenagem a história de Tereza de Benguela, liderança que esteve à frente do Quilombo Quariterê, no estado de Mato Grosso, um exemplo da luta pela igualdade de direitos e pelo fim da escravidão a que as autoridades submetiam os negros no século XVIII. O esforço e a dedicação de Tereza para fortalecer o Quilombo, tanto em armamento, quanto em força econômica é lembrado até hoje nesta data em que se comemora a representatividade das mulheres negras em todo o Brasil – 25 de julho.
Fonte: www.leiagora.com.br