A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) concedeu prisão domiciliar ao empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, 57 anos. Ele responde pelo feminicídio qualificado contra Thays Machado e homicídio qualificado contra Willian Cesar Moreno. O crime aconteceu no dia 18 de janeiro, em Cuiabá-MT. Carlinhos estava preso na Mata Grande, em Rondonópolis -MT.
A defesa do empresário alegou que ele tem problemas de saúde e, por isso, a necessidade do tratamento realizado em casa. Os advogados destacam ainda que o acusado estaria com a saúde mental debilitada.
O desembargador José Zuquim Nogueira destacou que não há como negar a gravidade dos crimes que Carlinhos cometeu, mas acredita que o réu não possui indícios que voltará a praticar outros crimes se estiver em prisão domiciliar.
“Registro que não questiono a gravidade dos fatos a ele imputados, pois, não há como afastar a extrema magnitude dos crimes de feminicídio e homicídio qualificado praticados. Entretanto, a despeito da gravidade da conduta imputada ao paciente, após examinar o conjunto probatório reunido no presente feito, não verifiquei nesta quadra processual a presença de base empírica satisfatória a comprovar sua acentuada periculosidade, ou indícios de que, em liberdade, voltará a praticar outros atos delituosos”, consta na decisão.
MEDIDAS CAUTELARES
Carlos será monitorado e deverá ficar 24 horas por dia dentro de casa, salvo por autorização judicial. Além disso, ele terá que apresentar, a cada noventa dias, um relatório médico sobre a evolução do quadro clínico para a reavaliação da medida e, caso descumprida, ele pode ser conduzido novamente à penitenciária.
Perseguição
A investigação apontou que C.AG.B. perseguia Thays insistentemente e no dia do crime, no meio da madrugada, ele seguiu a vítima depois que ela saiu do Aeroporto Marechal Rondon, onde foi buscar Willian.
Era 3h55 da madrugada de 18 de janeiro, quando Thays fez contato com o Ciosp pelo número 190 e relatou, em desespero, que estava na Avenida Tenente-Coronel Duarte (Prainha) quando foi seguida pelo autor dos homicídios. Ela contou ainda que ele costumava andar armado. A vítima recebeu ainda orientação para procurar a Delegacia da Mulher e foi solicitado que entrasse em contato caso fosse necessário.
Na tarde do mesmo dia, Thays e seu atual namorado foram mortos na calçada do edifício Solar Monet, onde mora a mãe da vítima. Ela tinha ido ao local para deixar o carro da mãe na garagem e, ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, foram surpreendidos pelo indiciado, que conduzia um Renault Kwid, e fez os disparos contra Thays e Willian.
A investigação da DHPP apurou que no início do ano, Thays recebeu diversas mensagens no celular do autor dos homicídios, que se mostrava inconformado com o fim do relacionamento, agindo com grosseria e perseguição contra a vítima na tentativa de reatar a relação.
Depoimentos colhidos pelo delegado Marcel Oliveira demonstram que, mesmo após terminar o relacionamento de dois anos que teve com o indiciado, Thays dizia que achava que estava sendo seguida, o que foi comprovado com o ato na madrugada do dia 18 de janeiro. Ela havia relatado ainda ao irmão que durante o relacionamento, o criminoso sempre se mostrou uma pessoa ciumenta e possessiva.
Com todo o material probatório reunido no inquérito, o delegado aponta que as vítimas não esperavam esse tipo de retaliação, pelo novo relacionamento que estava sendo construído. “Mas, a motivação do crime está relacionada ao sentimento de posse e vingança pelo fato da vítima Thays estar no novo relacionamento, fato que não era admitido pelo homicida e feminicida”, destacou o delegado Marcel Oliveira.
O indicado responderá pelo homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
Fonte: Agora MT