Biojóias produzidas por mulheres de Ouro Branco proporcionam renda e chegam até atriz Glória Pires

O envelhecimento de mais de mil hectares de floresta de seringueiras e a baixa produtividade das árvores têm obrigado a comunidade do distrito de Ouro Branco, no município de Itiquira, a buscar alternativas de renda, já que a extração de borracha para fins industriais tem se tornado cada vez mais limitada.

As mulheres, em especial, descobriram que o látex tem outras utilidades além de fabricar pneus e têm se destacado na produção artesanal de biojóias. Ana Maria Silva, de 53 anos, é uma dessas mulheres.

A seringueira trabalha com o marido na extração de látex há 23 anos e, só no ano passado, após uma série de oficinas organizadas pela Cooperativa de Seringueiros de Ouro Branco (COOPSOB), soube que a borracha natural das árvores pode ser usada para fabricar jóias.

“Foi só assim que nós descobrimos. Para todo mundo aqui foi uma grande surpresa”, disse.

Arquivo Pessoal e Fernanda Fidelis/REM MT/Montagem Midiajur
ana maria seringueira biojóias

A designer Flávia Amadeu, que ministrou as aulas, possui 20 anos de experiência produzindo acessórios de borrachas naturais brasileiras, que ela prefere chamar de “jóias orgânicas”. Ela afirmou que o trabalho artesanal agrega valor à borracha e é uma alternativa autoral, criativa e autônoma.

“Eu fui [em Ouro Branco] fazer um processo de transformação, para que a gente criasse outras fontes de renda e valorizasse as mulheres da localidade”, compartilhou.

O presidente da COOPSOB, Rubens Ribeiro, esclareceu que a perspectiva de gênero foi levada em conta desde o começo, para que as mulheres da cooperativa também pudessem ter autonomia e protagonismo.

“Era uma preocupação da cooperativa conseguir fazer o encaixe de gênero, tirar as mulheres do anonimato”, citou.

Ana Maria contou que a produção conjunta tem criado um espaço confortável de socialização entre as mulheres. “Quando junta a turma de mulheres para trabalhar é uma terapia. A gente conversa bastante, a gente produz, e a gente fica feliz quando produz”, disse.

Ela ainda se mostra esperançosa sobre o futuro da Flores de Seringueira, marca criada recentemente pela COOPSOB para divulgar o trabalho artesanal. “Estamos vendo no que vai dar, mas estamos fazendo uns lindos trabalhos, graças a Deus”, afirmou.

Um colar da Flores de Seringueira, marca criada pelo grupo, chegou ao pescoço da atriz e empresária Glória Pires, que publicou um vídeo nas redes sociais, no dia 24 de abril, promovendo a sua loja de cosméticos veganos enquanto usava a jóia de borracha da marca.

Captura do Instagram

glória pires colar de borracha natural

 A atriz Glória Pires usou um colar da Flores de Seringueira em um comercial da sua marca da cosméticos veganos.

O distrito de Ouro Branco

A extração da matéria-prima da borracha tem sido a principal atividade econômica do distrito há décadas, porém, como explica Rubens, a produção atual das árvores não é a mesma de anos atrás e tende a diminuir ainda mais ao longo do tempo.

“A produção vem diminuindo cada vez mais pelo fato de as seringueiras já serem bastante exploradas e, por outro lado, no decorrer do tempo ela vai caindo a produção mesmo”, disse.

Ao citar que as árvores já foram bastante exploradas, ele se refere ao período em que a empresa francesa Michelin foi dona de 1.100 hectares de florestas de seringueiras em Ouro Branco.

Em 2011, quando a fabricante de pneus distribuiu as terras entre os funcionários do campo e fechou a filial, a razão apresentada é que as árvores já não tinham uma produtividade satisfatória.

A cooperativa foi criada no ano seguinte, para unir os esforços dos produtores e beneficiar toda a comunidade. Desde então, eles têm buscado alternativas para garantir a renda das famílias que dependem dessas terras enquanto renovam a floresta de seringueiras.

Fonte: MIDIAJUR

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts relacionadas