Conferência Livre da Mulher em Cuiabá: Bem Viver das Mulheres Negras: Protagonismo, Justiça e Equidade

No sábado (12), a Casa N’zô Nvanju, na rua Pedro Celestino, centro, foi palco da Conferência Livre da Mulher, realizada pelo Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso, a conferência se estabeleceu como um espaço vital para discutir avanços e retrocessos na questão de gênero e racial, coletar propostas e fortalecer a participação feminina no cenário das políticas públicas.

As Conferências Livres são mecanismos essenciais para garantir que as vozes de todas as mulheres, especialmente aquelas historicamente silenciadas, sejam ouvidas. Elas promovem a diversidade, valorizando as diferentes experiências e realidades femininas, e inspiram a construção de políticas públicas mais eficazes e alinhadas às necessidades reais das mulheres. As propostas elaboradas coletivamente são encaminhadas para as etapas superiores da conferência, podendo, futuramente, se tornar políticas públicas.

A edição da Conferência Livre organizada pelo Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso teve como tema central “Bem Viver das Mulheres Negras: Protagonismo, Justiça e Equidade”. O debate foi estruturado em três grupos de trabalho aprofundados:

  • Justiça, Segurança e Enfrentamento à Violência.
  • Saúde Integral, Educação e Equidade.
  • Trabalho, Renda e Sustentabilidade.

De cada grupo de trabalho, emergiram três propostas que foram cuidadosamente apreciadas pela plenária. Dessas, três propostas consolidadas comporão o caderno da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que acontecerá em Brasília, de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025.

A 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, promovida pelo Ministério das Mulheres e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), tem como tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”. A metodologia prevê uma ampla mobilização nacional, dividida em etapas preparatórias. As conferências livres, como a de Cuiabá, que ocorrem entre 28 de abril e 15 de agosto, são cruciais para que as contribuições de mulheres em sua diversidade, cheguem à etapa nacional.

As conferências municipais e regionais estão sendo realizadas de 28 de abril a 28 de julho, e as conferências estaduais e distrital ocorrem de 1º de julho a 31 de agosto. Essas etapas são fundamentais para consolidar diagnósticos locais e levantar propostas que reflitam as realidades diversas das mulheres em seus territórios, garantindo ampla participação e fortalecendo políticas de ações afirmativas.

Bel Farias, coordenadora estadual do MNU – Movimento Negro Unificado em Mato Grosso, elogiou a organização: “A realização da conferência livre organizada pelo Fórum de Mulheres Negras foi muito bem organizada, tivemos vez e voz em uma rica discussão. Agora torcemos para que as propostas, ainda que poucas, respeitando o limite de acordo com as normas da 5ª CNPM, avancem.”

Elis Regina, coordenadora do Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso, reforçou a importância da união: “A população LGBTQIAPN+ e o Movimento Negro devem estar unidos e lutar lado a lado, em prol de políticas públicas, pois são os que mais sofrem no dia a dia com preconceito e racismo estrutural.”

Questionada sobre o tema “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”, que será o foco da marcha das mulheres negras, Elis Regina enfatizou: “A reparação apontada no tema da marcha é trazer a equiparação com as demais pessoas. Infelizmente, hoje, temos as mulheres negras no topo dos índices de violência, no subemprego, na informalidade e como as eternas cuidadoras, mas ninguém cuida delas.” Ela relembrou sua experiência em quatro Conferências Nacionais e se prepara para a 5ª, para a qual saiu delegada.

Historicamente, desde o período de escravidão no Brasil, mulheres negras têm lutado incansavelmente por dignidade humana e por políticas públicas que as equiparem às demais mulheres, buscando romper com um ciclo de desigualdades estruturais.

O Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso (FMN/MT) reúne mulheres negras de diversas áreas da sociedade civil. Fundado em 2015, o Fórum tem como objetivo fortalecer a luta contra o racismo e a misoginia, promovendo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, e tem sido protagonista de diversas ações importantes no estado.

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