O estacionamento da Arena Pantanal foi palco, neste fim de semana, de um evento que sacudiu as estruturas da capital mato-grossense: o Festival Baguncinha. Reunindo milhares de pessoas, o festival entregou mais de 20 apresentações em dois palcos grandiosos, o Palco Baguncinha e o Palco Eletrônico, consolidando-se como um marco cultural de música, diversidade e responsabilidade social.
Um Palco de Estrelas e Talentos Regionais
A energia contagiou a Arena Pantanal desde o primeiro acorde. No Palco Baguncinha, o público vibrou com nomes como Sepia Azul, Pri Pires, Pacha Ana, Djonga, Foguinho, Liniker, FX O Gênio e Ramaciote (com participação de Ahgave), DJ Brum (com Mean Girls) e DJ Kuririn (com MC Mestrão e MC Dinero). O Palco Eletrônico não ficou para trás, com sets envolventes de Ramsay, Peve, Eli Iwasa, Gupazz, Stival, Vegas (techno set) e Arthur Prochnow.
Além da música, o espaço do estacionamento se transformou em um hub de experiências: uma Praça de Alimentação com foco em empreendedores locais, área de slackline, intervenções artísticas de grafite, e uma área reservada e acessível para Pessoas com Deficiência (PCD), garantindo que todos pudessem aproveitar o festival.
Elas Brilharam: Vozes Femininas que Marcaram o Festival
As mulheres deixaram suas marcas indeléveis no Baguncinha, com performances que inspiraram e emocionaram. Artistas como Pri Pires, a DJ Brum com Mean Girls, Luisa Lamar & Ahgave, Pacha Ana e a aclamada Liniker dominaram os palcos.

A cantora, compositora, poetisa e atriz Pacha Ana, uma voz potente de Rondonópolis, entregou um show memorável que sacudiu a plateia. Reconhecida como uma das melhores artistas do hip hop feminino do Brasil, Pacha Ana expressou sua gratidão e a importância de ocupar esses espaços: ” Eu sou muito grata, às oportunidades, ao axé e à minha religiosidade. Estou ocupando espaços que achei que não eram pra mim, porque na real me ensinaram que não era pra mim, mas esse espaço é meu, sim”.

O show mais esperado da noite foi o da cantora Liniker. Além de sua voz poderosa, Liniker é compositora, artista visual e atriz. Ela conquistou o Brasil em 2015 com a música “Zero”, cujo clipe no YouTube rapidamente viralizou, atraindo ouvintes apaixonados por música brasileira de qualidade. Liniker fez história ao se tornar a primeira artista transgênero brasileira a receber um Grammy Latino, um reconhecimento por seu talento na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira com o álbum Indigo Borboleta Anil. Liniker é, sem dúvida, uma voz crucial para o movimento LGBTQIA+.
Para o produtor cultural e músico Everson Pinky, o festival superou as expectativas: “A expectativa gerada foi atingida em 100% em todos os sentidos: estrutura, organização, segurança e escolha dos artistas. Basta ver que o espaço está lotado e a galera muito animada”, frisou o produtor.
Inclusão e Sustentabilidade: O Impacto Social do Baguncinha
O Festival Baguncinha transcendeu a música, assumindo um forte compromisso com a inclusão e a diversidade. A edição distribuiu 550 ingressos sociais, assim divididos:
- 100 ingressos para instituições que atendem PCD.
- 100 ingressos para jovens negros em situação de vulnerabilidade social.
- 100 ingressos para estudantes do IFMT e UFMT (cursos de Eventos, Comunicação e Jornalismo).
- 100 ingressos para jovens indígenas.
- 100 ingressos para projetos desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social do Mato Grosso.
- 50 ingressos adicionais (totalizando 150) para pessoas trans, reforçando a gratuidade histórica do festival para este grupo.
Além dos ingressos sociais, o evento demonstrou sua responsabilidade socioambiental com intérpretes de Libras no palco principal, estrutura com acesso adaptado para PCD e ações como o plantio de árvores para compensação ambiental. A produção também priorizou a contratação de equipes diversas, incluindo pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+ entre os mais de 400 profissionais envolvidos.
Movimentando a Economia e Fortalecendo a Cultura
Segundo dados do Observatório de Cultura do Estado de Mato Grosso, o Festival Baguncinha é um motor econômico: a cada R$ 1 investido no evento, R$ 7,10 retornam para a economia local. O festival não só impulsiona o turismo, como fortalece pequenos empreendedores, movimenta toda a cadeia produtiva da cultura e reforça a presença da juventude no cenário cultural da região.
Baguncinha, o Festival 2025: Orgulho de Pertencer
Mais do que um festival de música, o Baguncinha é um movimento coletivo de resistência cultural, pluralidade e pertencimento, com forte enraizamento na identidade cuiabana. Neste ano, o evento teve como tema “Orgulho de Pertencer”, um chamado para reconhecer a força da cultura do Cerrado, a beleza da coletividade e a potência de um festival construído a muitas mãos. O encontro multicultural se firma como um espaço de celebração, memória e fortalecimento da identidade mato-grossense.
A realização do Festival Baguncinha ficou a cargo da Ápice Produções e da Casa Sumac, que mais uma vez entregaram um evento memorável para a capital mato-grossense.