Uma noite de terror marcou a vida de uma mulher de 39 anos no bairro Dr. Fábio Leite, em Cuiabá. Na madrugada do último sábado para domingo (19), seu ex-companheiro, A. R. P., de 30 anos, invadiu a residência, arrombou as portas do quarto e do banheiro e a agrediu violentamente com socos e chutes na frente dos dois filhos pequenos do casal, de 8 e 3 anos. Após o ataque, ele destruiu móveis, eletrodomésticos e até a motocicleta da vítima, deixando um rastro de destruição e medo.
A mulher conseguiu fugir com as crianças e, com a ajuda de uma vizinha, acionou um carro por aplicativo para chegar à delegacia, onde o terror deu lugar à busca por proteção. O caso, registrado como lesão corporal, ameaça, injúria e dano no âmbito da violência doméstica, culminou na prisão em flagrante do agressor horas depois e na concessão de medidas protetivas de urgência para a vítima.
A escalada da violência
O relacionamento de seis anos entre D. P. da S. e A. R. P. havia chegado ao fim há cerca de duas semanas. Apesar da separação, ele se recusava a deixar a casa alugada onde viviam, criando um ambiente de tensão constante. Segundo o relato da vítima à polícia, essa não foi a primeira agressão. Há cerca de um ano, ela já havia registrado um boletim de ocorrência e solicitado medidas protetivas, mas reatou o relacionamento após promessas de mudança que não se concretizaram.
Na noite do crime, por volta das 23h30, D. P. da S. já dormia com os filhos quando foi despertada pela fúria do ex-companheiro. “Ele arrombou a porta do meu quarto, foi para cima de mim para me agredir com puxão de cabelo e soco na face”, declarou na delegacia. Ela tentou se refugiar no banheiro, mas ele arrombou a segunda porta e continuou os ataques.
Enquanto quebrava tudo pela frente, A. R. P. a xingava de “vagabunda” e “desgraçada”, gritando que ela “tinha que apanhar” e proferindo ameaças de morte: “eu vou te matar”. As agressões continuaram do lado de fora da casa, quando a vítima tentou fugir e foi derrubada e agredida com chutes na rua. Ela só conseguiu escapar quando ele se afastou momentaneamente, permitindo que buscasse refúgio na casa de uma vizinha.
A prisão e a confissão
A polícia foi acionada durante a madrugada pela irmã da vítima, D. P. da S. (outra pessoa com o mesmo nome), que recebeu uma mensagem de uma vizinha relatando o ocorrido. No entanto, ao chegarem ao local, nem agressor nem vítima foram encontrados. Pela manhã, uma nova denúncia informou que A. R. P. havia retornado à residência.
Os policiais militares, 3º Sargento Marcelo Gonçalves Junior e Sargento Aroldo da Silva Avila Costa, encontraram o suspeito dentro da casa destruída, com um corte profundo e sangramento no antebraço direito. Ele alegou que o ferimento ocorreu durante a briga com a ex-companheira. Ao ser confrontado, confessou ter destruído os pertences do casal por ciúmes, após ter visto o que acreditava ser “um chupão no pescoço” dela quando chegou do trabalho. Em seu interrogatório, o pedreiro negou as ameaças de morte, mas admitiu ter arrombado a porta e quebrado os objetos, incluindo a motocicleta, afirmando que “começaram a brigar”.
A polícia encontrou na casa uma faca de cabo preto escondida embaixo do colchão do suspeito, além do celular da vítima, totalmente destruído.
Liberdade com restrições
Levado para audiência de custódia na tarde de domingo (19), A. R. P. teve a prisão em flagrante homologada pela juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa. Apesar da gravidade dos fatos, a magistrada concedeu a liberdade provisória ao suspeito, argumentando que ele não possui antecedentes criminais específicos em violência doméstica e que medidas cautelares seriam suficientes para garantir a segurança da vítima.