IV Seminário das Pretas: Mulheres Negras em Defesa do Território e do Bem Viver

Realizado no último sábado (30), em Cuiabá o IV Seminário das Pretas, que reuniu mulheres, coletivos, organizações sociais e apoiadores em um espaço de fortalecimento político, cultural e ancestral. O encontro teve como foco a reflexão sobre corpo, território, justiça climática, agroecologia, afrofuturismo e o projeto coletivo do bem viver.

O seminário começou com um acolhimento afroecológico, marcado por músicas ancestrais e um café da manhã com alimentos da sociobiodiversidade. A abertura contou com a celebração dos quatro elementos da natureza e com a formação de um dispositivo de lideranças femininas.

Racismo ambiental e resistência negra

 

Na primeira roda de diálogo, “Corpo e Território: entre a violência ambiental e a resistência negra”, a pesquisadora Ivoneides Maria Batista do Amaral destacou a invisibilidade das mulheres em categorias profissionais artesanais na região da Baixada, especialmente em Rosário Oeste. Já Cidinha Nascimento, catadora de recicláveis, trouxe sua experiência de luta diária e a importância da reciclagem tanto para a sobrevivência dos trabalhadores quanto para a preservação do meio ambiente.

Bem viver como projeto político

O segundo momento de debate abordou o tema “Bem viver como projeto político: agroecologia, justiça climática e afrofuturismo”.

  • Nathalia Prazeres apresentou o conceito de Bem Viver e a necessidade de políticas públicas para combater o racismo e a violência.
  • Catarina Lima destacou a diferença entre agroecologia e agronegócio, reforçando a importância da produção sustentável.
  • Tina Ramos, do Coletivo de Mulheres Essência, compartilhou experiências de um quilombo urbano que resiste ao consumismo desenfreado com ações como hortas de quintal, pontos de coleta de recicláveis, oficinas de papel reciclado, bazares e feiras comunitárias.

Carta Aberta e articulação nacional

O seminário foi encerrado com a plenária “Vozes Pretas pelo Clima e pelo Bem Viver”, espaço em que o público pôde contribuir para a construção de uma Carta Aberta com propostas e reivindicações das mulheres negras. O documento recebeu três contribuições e será referência para novas mobilizações.

Além de fortalecer a articulação local, o evento também fez parte da mobilização rumo à Marcha Global de Mulheres Negras, que acontecerá no dia 25 de novembro em Brasília.

Apoios e fortalecimento coletivo

O IV Seminário das Pretas contou com apoio do FUNDO DEMA, UNICAFES/MT, SINTEP/MT, Coletivo de Mulheres Essência e do Comitê Impulsor Pró Marcha de Mulheres Negras de MT.

“O encontro reafirmou a centralidade das mulheres negras na defesa do território, na luta pela justiça climática e na construção do bem viver”, destacou Elis Prates, coordenadora do Fórum de Mulheres Negras de MT.

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