O Ministério da Saúde realizou, nesta quarta-feira (2/2), em Brasília, o evento de lançamento das Ações Nacionais Relativas à Prevenção da Gravidez na Adolescência. A iniciativa integra as atividades da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, com o objetivo de divulgar informações e ações que contribuam para a redução da incidência da gravidez nessa fase da vida.
Apesar da redução dos últimos 10 anos, em especial a partir de 2018, a gravidez na adolescência permanece sendo um problema de saúde pública, pelos riscos a que estão submetidas gestantes adolescentes, como maiores ocorrências de pressão alta, diabetes e partos prematuros; bem como seus bebês, pelas maiores chances de admissão em UTI neonatal e maiores dificuldades de desenvolvimento nos primeiros cinco anos de vida.
De acordo com o diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, Antônio Braga Neto, a área da saúde precisa avançar no desenvolvimento de estratégias que englobem múltiplas perspectivas de prevenção e cuidado.
“É nossa obrigação garantir a oferta de métodos contraceptivos para enfrentar a gravidez na adolescência, contudo, essa ação isolada não se reverte na melhor evidência para prevenção desse agravo em adolescentes”, defendeu o diretor. “A abordagem da sexualidade responsável, com postergação do início da vida sexual, acompanhada de orientações para perspectivas de vida e planejamento familiar, constituem em conjunto a melhor estratégia para vencer essa batalha”, acrescentou.
É preciso também que sejam criadas condições para o desenvolvimento de novas perspectivas de vida, apontou Priscila Carvalho, coordenadora de Saúde dos Adolescentes e Jovens do MS.
“Nós estamos todos reunidos demonstrando nosso compromisso para que os/as adolescentes alcancem o maior nível de saúde e desenvolvam projetos de vida os mais abrangentes possíveis, por meio de um cuidado integral, com ações educativas e orientações que contribuam para que suas escolhas sejam fortalecidas e suas trajetórias preservadas”, destacou.
Atualização da Caderneta
Durante o encontro, o MS apresentou a nova Caderneta de Saúde do/a Adolescente, instrumento que busca apoiar a população adolescente no incentivo ao desenvolvimento da autonomia e à tomada de decisões saudáveis, trazendo conteúdos para promover uma cultura de autocuidado e prevenção de doenças e agravos entre os adolescentes, em especial a gravidez na adolescência.
A caderneta foi lançada em Brasília, em versão preliminar, no dia 1º de fevereiro, durante evento de lançamento da Campanha de Prevenção da Gravidez na Adolescência, organizado pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) em parceria com o MS. A publicação será impressa e distribuída a todos os estados do País, após finalização da normalização técnica pela Editora/MS. A previsão de entrega é de quatro milhões de exemplares.
O documento foi atualizado com base em critérios técnicos e científicos, para garantir o cuidado centrado na pessoa, considerando as diferentes necessidades apresentadas pela população adolescente do País. Também foram ouvidos mais de 5 mil adolescentes por meio de consulta pública — alguns deles participaram de uma oficina promovida pelo Ministério da Saúde na sede da Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS) para a validação dos documentos. A diagramação do material foi realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Conheça as principais mudanças apresentadas no novo material:
– A caderneta é dividida entre as versões masculinas e femininas, com formatos específicos: para adolescentes de 10 a 13 anos e para adolescentes de 14 a 19 anos.
– As versões de 10 a 13 anos, também chamadas de parte 1, abordam o início da adolescência, para apoio às mudanças dessa fase, estimulando o bem-estar e o contato com profissionais de saúde.
– As versões de 14 a 19 anos, busca resgatar alguns assuntos abordados anteriormente e explorar outros adequados à idade, como fazer planos para o futuro com responsabilidade.
– Cada versão da CSA possui 4 seções: Seção I- Uso pessoal (do adolescente) Seção II- Registros pessoais (do adolescente); Seção III- Registros dos profissionais e Seção IV- Outras informações úteis.;
– Alguns exemplos de conteúdo abordados são: higiene, autoestima e autoimagem, consciência emocional, menstruação e ciclo menstrual, alimentação, atividade física e sono de qualidade, habilidades de vida e prevenção de acidentes e violências, assim como do uso de álcool e outras drogas. A partir dos 14 anos, os adolescentes também recebem conteúdos para a sexualidade responsável, planejamento familiar, parentalidade positiva, trabalho e emprego.
– Há um espaço destinado para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dos adolescentes, auxiliando nas questões de autocuidado e prevenção de riscos, tais como gravidez na adolescência.
Atenção à Saúde dos/das adolescentes
A pasta também destinou quase R$10,8 milhões, em 2021, a municípios e ao Distrito Federal, para o fortalecimento das ações de cadastramento e qualificação do processo de assistência à população juvenil na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio de publicação de portaria. A iniciativa busca ampliar o acesso e a vinculação dos mais de 20 milhões de adolescentes e jovens cadastrados nos serviços.
Ainda foram estabelecidas parcerias com hospitais de excelência, por meio de projetos de apoio ao desenvolvimento institucional do SUS (Proadi-SUS), para realização de ações de saúde voltadas aos adolescentes. O primeiro projeto, em conjunto com o Hospital Moinhos de Vento, financia uma pesquisa comparativa e de avaliação biopsicossocial sobre o impacto da gravidez precoce em mães adultas e mães adolescentes. O estudo contará com amostragem das cinco regiões brasileiras: Manaus (AM), São Luís (MA), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS). O projeto tem o valor de R$ 3,7 milhões para o triênio 2021-2023.
Já o projeto em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein busca implementar a linha de cuidado de Saúde Mental na Atenção Primária para a organização da rede e o desenvolvimento do Programa de Habilidades de Vida na Adolescência. O objetivo da ação é instrumentalizar profissionais de saúde para intervenções psicossociais com adolescentes por meio da elaboração de materiais técnicos e cursos EAD; além da elaboração de ferramentas digitais, e-book e jogo de tabuleiro para educação entre pares, voltados aos adolescentes. Serão investidos R$ 905 mil para o triênio 2021-2023.
Fonte: https://aps.saude.gov.br