Trancada em um quarto, agredida e sob ameaças de morte. Foi assim que uma mulher de 35 anos passou parte da madrugada deste sábado (18), em Várzea Grande. O autor do terror, seu próprio companheiro, um motorista de aplicativo de 38 anos, acabou preso em flagrante pela Polícia Militar dentro da residência do casal, no bairro Jardim Imperial.
O gatilho do ciúme
A crise de fúria teria sido motivada por ciúmes. De acordo com o boletim de ocorrência, uma discussão sobre mensagens no celular da vítima, identificada como A.P.L., escalou rapidamente depois que o suspeito, J.C.S., chegou em casa supostamente embriagado. O que era uma briga verbal, logo se transformou em violência física, segundo o relato da mulher à polícia. A vítima detalhou aos policiais que, em meio ao caos da discussão, foi agredida com socos e tapas no rosto e nos braços, uma violência que a deixou não apenas com marcas físicas, mas também com o profundo temor pelo que ainda poderia acontecer naquela noite.
“Se me largar, eu te mato”
O terror, contudo, não parou nas agressões. O suspeito teria proferido ameaças de morte contra a companheira e os filhos do casal, uma promessa macabra que ecoou pelo imóvel: “se você me largar, eu te mato e mato seus filhos”. Na sequência, J.C.S. a trancou no quarto. Impediu sua saída por aproximadamente duas horas. Foi um ato que transformou o lar em um cativeiro. A sorte da vítima foi ter conseguido acesso a um celular que estava escondido, com o qual, enfim, pôde pedir socorro.
A chegada da polícia
Acionada via CIOSP, uma guarnição da Polícia Militar foi rapidamente ao endereço. Os policiais encontraram a vítima abalada e o suspeito na sala da residência, em visível estado de embriaguez. J.C.S. recebeu voz de prisão no local. Em seguida, foi conduzido para a Central de Flagrantes. Lá, o delegado de polícia, Dr. Fulano de Tal, após ouvir as partes, ratificou a prisão em flagrante pelos crimes de lesão corporal, ameaça e cárcere privado, todos agravados pela Lei Maria da Penha.
Versões conflitantes
Em seu interrogatório na delegacia, J.C.S. apresentou uma versão diferente dos fatos. Ele confirmou a discussão por ciúmes e admitiu ter “empurrado” a vítima durante a briga. Negou, porém, as agressões com socos e o cárcere privado, alegando que apenas “fechou a porta para eles conversarem” sem que as crianças ouvissem a discussão. A versão contrasta diretamente com o depoimento detalhado da vítima, que manifestou o desejo de obter medidas protetivas de urgência por temer pela própria vida. O caso segue agora para a esfera judicial.
Para entender melhor:
- Cárcere Privado: É o ato de privar alguém de sua liberdade de locomoção, impedindo-a de ir e vir. No contexto doméstico, trancar a vítima em um cômodo da casa configura este crime.
- Lei Maria da Penha: Principal legislação brasileira de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. Ela cria mecanismos para coibir e prevenir essa violência, além de prever punições mais severas para os agressores e medidas de proteção para as vítimas.
- Medida Protetiva de Urgência: São ordens judiciais concedidas para proteger a mulher em situação de violência. Podem incluir o afastamento do agressor do lar, a proibição de contato com a vítima e seus familiares, entre outras ações.
Fonte: CONEXÃOMT