O Tabuleiro Invisível: Como o Senado Vai Decidir o Futuro Político de Mato Grosso

O poder em Mato Grosso não se perde, ele troca de mãos. A história política do Estado é feita de ciclos que se repetem com novos rostos e velhas estratégias. Em cada virada, o eleitor dá o mesmo recado: aqui, ninguém tem cadeira cativa. O voto mato-grossense tem memória e, mais do que qualquer outro, cobra coerência.

Dante de Oliveira marcou o tempo da esperança democrática. Blairo Maggi abriu o ciclo do agronegócio e da gestão empresarial. Depois veio Silval Barbosa, que herdou a máquina, mas não conseguiu conter os escândalos que marcaram o fim de um período de prosperidade. Seu governo simbolizou o esgotamento de um modelo e abriu caminho para uma virada moral e política. Foi desse desgaste que nasceu o discurso da ética, personificado em Pedro Taques, e, mais tarde, o pragmatismo de Mauro Mendes. Nenhum desses ciclos se rompeu: apenas se reconfigurou.

O cenário de 2026 carrega essa mesma energia silenciosa. As eleições não serão apenas uma troca de comando no governo. O Senado se tornou o ponto de equilíbrio da política estadual, o lugar onde se guarda poder e se projeta o futuro. É nas cadeiras de Brasília que se decide quem permanece relevante quando as luzes da campanha se apagam.

Wellington Fagundes aposta na experiência e na memória política. Otaviano Pivetta fala diretamente aos gestores e produtores, consolidando a imagem de eficiência. Natasha Slhessarenko representa a credibilidade técnica e o voto feminino que amadureceu. Max Russi tem o perfil do diálogo, da moderação que se converte em governabilidade. Jayme Campos, veterano, mantém-se como nome de reserva estratégica, discreto, mas sempre presente. Nenhum desses nomes é surpresa. O que será surpresa é quem tiver fôlego político para atravessar o desgaste do governo e a fadiga do eleitorado.

Mas é no Senado que o jogo se decide. Pedro Taques, Janaina Riva, Mauro Mendes, Carlos Fávaro e José Medeiros formam o núcleo mais observado. Cada um tem trajetória e base própria, mas o que vai contar é a capacidade de representar equilíbrio num país cansado de extremos. A eleição para o Senado será o verdadeiro termômetro da força política em Mato Grosso.

A trajetória recente de Margareth Buzetti também é parte dessa história. A suplência que a levou ao Senado simbolizou o quanto o eleitor precisa olhar além do primeiro nome na chapa. Sua atuação foi marcada por trocas partidárias e iniciativas pontuais, mas sem a consistência política que o Estado exige de seus representantes. Esse episódio reforçou a necessidade de o eleitor compreender que suplente não é figurante: é potencial protagonista. E, em Mato Grosso, já ficou provado que o segundo nome pode alterar o destino do primeiro.

A história confirma isso. Selma Arruda caiu, e Carlos Fávaro chegou ao ministério. Blairo Maggi deixou o cargo, e Cidinho Santos ganhou projeção. Em cada uma dessas mudanças, a suplência se revelou um centro de decisão. Aqui, suplente nunca foi detalhe. É reserva de poder. E o eleitor precisa aprender a olhar o segundo nome da chapa com o mesmo cuidado que olha o primeiro.

A presença feminina é uma das transformações mais relevantes. Janaina Riva e Natasha Slhessarenko não representam apenas renovação. Elas representam preparo, sensatez e uma nova forma de liderar. O eleitor já não se contenta com o discurso barulhento. Ele busca coerência, competência e clareza. A mulher mato-grossense, quando entra na política, não entra por espaço, entra por propósito. E isso muda tudo.

O maior desafio dos próximos anos será resgatar a confiança. Mato Grosso vive um tempo em que suplentes mudam de lado, partidos trocam de camisa e alianças se desfazem na primeira divergência. O eleitor vê, registra e reage. A descrença é silenciosa, mas devastadora. E 2026 pode ser o ano em que a coerência voltará a valer voto.

O tabuleiro está montado. As peças se movem devagar, mas com intenção. Em Mato Grosso, o poder nunca fica parado: muda de dono conforme a força, o tempo e o interesse. A gestão tomou o lugar da política por alguns anos, mas a técnica não cria liderança. O governo Mauro Mendes foi o retrato disso: eficiente, mas solitário. Quando o poder se fecha em si mesmo, a política renasce por outros caminhos. E é nesse espaço que surgem novas vozes com legitimidade. Natasha Slhessarenko e Janaina Riva representam a síntese desse novo tempo, em que o equilíbrio volta a ter rosto.

“Em Mato Grosso, o poder muda de rosto, mas o povo continua olhando nos olhos de quem promete. E é nesse olhar que as verdades se revelam.”

Adriane Martins

Analista política e assessora em assuntos parlamentares
Pedagoga, Gestora Ambiental e Teóloga
Pós-graduada em Perícia e Auditoria Ambiental
Pós-graduada em Auditoria Pública e Empresarial

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