Após 5 meses de desafios, testes, soluções criativas e olhares descrentes, Lays Carlotto, 29, e Fernanda Frend, 33, terminaram o projeto piloto do tão sonhado mortorhome. Construído em uma Kombi 2003, a casa sobre rodas oferece conforto e segurança para até 5 passageiros em passeio e 3 em viagens mais longas. Pensado, a princípio, para uso pessoal, elas criaram a empresa Judith Motorhome e o veículo está à venda por R$ 90 mil.
A empresa faz toda parte interna e adaptação com toda funcionalidade de uma casa dentro do veículo. Atualmente, elas têm 3 modelos para atender desejos dos clientes. Como espaço no automóvel é pequeno, as duas trabalham no projeto e apontaram que as variações ainda são limitadas.
A ideia das sócias é possibilitar que pessoas possam realizar o sonho de viajar “com a casa” e, como negócio, reunir dinheiro para construir o próprio motorhome dos sonhos, que custa bem caro, como elas mesmas disseram.
Lays é biomédica e deixou a carreira um tanto de lado para se dedicar à empresa Judith. Já Fernanda, que é professora de balé, segue com as aulas e concilia o tempo com a construção na reforma dos veículos. Até então, nenhuma delas tinha qualquer experiência com mecânica, marcenaria ou qualquer trabalho relacionado à construção.
Nesse modelo, elas se depararam com a adaptação do veículo, que recebeu uma cozinha, chuveiro, cama, armários e tudo que é necessário para “viver” ali dentro. As duas colocaram a mão na massa, realizaram cursos online, conheceram donos de motorhomes e contaram com a criatividade.
O trabalho contou com jogo de cintura para resolver problemas que surgiam no dia-a-dia, além de atender as necessidades do espaço reduzido de uma Kombi.
Viajar com conforto
Fernanda conta elas tinham vontade de comprar um motorhome para viajar, mas todos os orçamentos que faziam estavam fora do alcance do bolso. Logo deixaram de lado o sonho. Neste meio tempo, que os pais compraram uma van e toda família se dedicou a transformar o veículo em um motorhome.
Após algum tempo, os pais cederam a van para que as duas terminassem. Ao fim do projeto, ela foi devolvida aos donos originais.
“A gente alugou esta casa, com uma garagem para trabalhar nela. Mas o que queríamos era um projeto só nosso, para começar do zero. A gente ainda não tinha dinheiro para comprar nossa própria van e aí compramos essa Kombi. Essa fizemos só nós,. Projeto todo nosso, do começo ao fim”, lembra Fernanda.
Elas lembram que o veículo adquirido já tinha como objetivo ser transformada em motorhome, mas com o antigo dono. A Kombi tem 19 anos e está bastante conservada na lataria. Mas, precisou receber reparos mecênicos antes de ser personalizada por dentro.
O projeto exigiu muito planejamento e estudo para que tudo funcionasse bem e com menor custo, visto que elas empenharam todas as economias na construção da Judith motorhome.
Empresa
Lays relata que como a empresa está no começo, o foco é em adaptações para Kombs e projeto de autoria delas, com possibilidade de 3 opções de projeto.
“No sul e no exterior é muito comum os motorhomes e as empresas que fazem isso. Aqui em Mato Grosso, esse tipo de veículo está crescendo muito e queremos crescer também”, explica Fernanda.
Pessoas que também querem se aventurar pelas estradas no conforto de casa, podem recorrer aos serviços da Judith. Elas fazem toda a adaptação e construção interna, mas o cliente precisa já ter a Kombi.
A Kombi tem placa solar, sistema de iluminação em todo interior, caixa d’água, sistema de esgoto, cozinha equipada, cama de casal. Os projetos custam à partir de R$ 35 mil.
Desafios
As sócias contam que no começo do projeto, quando buscavam peças nas lojas, ainda recebiam olhares desconfiados e até descrentes na capacidade de ambas executarem o projeto. Mas depois isso se tornou curiosidade e até incentivo, pois os vendedores que sempre as atendiam queriam saber o andamento e como estava ficando a Kombi.
Todo o processo de execução é compartilhado nas redes sociais, que crescem a cada dia.
“No começo foi intimidador. Duas mulheres fazendo algo que teoricamente é masculino, as pessoas olhavam duvidando. Mas isso foi crescendo e mudou. Nós vamos às lojas com a Kombi, querem ver, conhecer. Recebemos poucas críticas, o que mais tem é curiosidade e elogio”, explicam.
Elas afirmam que tudo é muito novo e que os erros podem acontecer e estão muito cientes disso. “Não somos donas da verdade. Queremos fazer nossa empresa crescer e também incentivar outras mulheres a buscarem fazer o que quiserem fazer”, declara Fernanda.
Na avaliação delas, conforto, liberdade, privacidade são as principais vantagens de se ter um mortorhome. “Você pode parar em qualquer lugar e tomar um cafezinho”, pontua Lays.
As sócias relatam que é um orgulho e uma emoção ver a Kombi pronta. Depois de todo desafio, pesquisa e “mão na massa”, o sentimento de realização é muito grande.
“Antes de mexer com isso a gente não serrava, parafusava, cortava. Então é um orgulho grande, pensar que com todo nosso estudo e empenho conseguimos. Ficou melhor do que a gente imaginava. Vemos os antes e depois e ficamos emocionadas. Ver como carro chegou e como está agora, é uma alegria”, conta Fernanda.
O nome da empresa é em homenagem a mulheres fortes, que buscam seus sonhos e não se intimidam com olhares reprovadores. ” A gente queria um nome feminino, quer fosse forte e bem brasileiro”, explica Fernanda.
Fonte: www.gazetadigital.com.br