Cassiana Oliveira dos Santos foi empossada no início deste mês como superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (Iphan), em Mato Grosso. Nascida em Cuiabá, historiadora formada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cassiana sempre foi ativa nos movimentos sociais em prol da igualdade de gênero e combate ao racismo. É filiada ao Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso (PT-MT).
Ao GD, Cassiana contou um pouco sobre a nomeação ao cargo no Iphan, estrutura do prédio sede do órgão que foi fechado, em abril, pela Vigilância Sanitária de Cuiabá por apresentar condições insalubres. Além disso, superintendente falou sobre projetos de tombamento de outros lugares históricos da Capital e conservação dos locais já tombados.
GD: como foi ser nomeada nova superintendente do Iphan?
Cassiana Oliveira: com alegria muito grande recebi a indicação do meu nome! As indicações passam por uma sabatina. Acredito que o patrimônio cultural é uma ponte para fortalecer as representações ancestrais, as tradições e aquilo que ainda não está escrito na história. Quando a gente vê a cultura indígena, afrodescendente brasileira, o patrimônio é importante nisso. Esses temas sempre me atraíram.
GD: prédio do Iphan foi fechado pela Vigilância Sanitária por apresentar condições insalubres. Local já foi reaberto? Como está a estrutura atualmente?
Cassiana Oliveira: continua interditado. O prédio que ocupávamos na avenida Comandante Costa era uma sede provisória, cedido pela Prefeitura de Cuiabá. O oficial, que fica na rua 7 de Setembro, está passando por reforma. Já estamos com processo para locar um novo imóvel. Estamos trabalhando em home office.
Temos um projeto com a prefeitura de Cuiabá que é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Cidades), da época do primeiro mandato Lula e foi negligenciado por muito tempo. Estamos numa agenda tentando retomar obras em algumas casas, sendo uma delas, o nosso prédio, no centro de Cuiabá. Temos a sinalização de um novo PAC, para conseguir reformar mais casarões.
GD: quais principais desafios do Iphan atualmente?
Cassiana Oliveira: processo de reestruturação do Ministério da Cultura pelo presidente Lula (PT) passa também por um desafio muito grande que é construir uma agenda – tanto com agentes públicos, entidades e a sociedade de modo geral – de recuperação e valorização do patrimônio cultural. Aqui, em Mato Grosso, temos que avançar muito na conscientização e proteção do patrimônio. Entender que um bem tombado faz parte da nossa cultura e temos a responsabilidade, enquanto sociedade de proteção. Falta a cultura de se reconhecer co-responsável pela preservação e cuidado. Vamos trabalhar muito a proteção e a valorização desses bens.
GD: o que será feito na região do Centro Histórico, local tombado pelo Iphan, que na maioria dos locais apresenta situação de abandono?
Cassiana Oliveira: tenho a concepção que o Centro Histórico não está abandonado. Realmente, precisa de uma atenção maior, principalmente, com relação às casas. O Centro Histórico é uma região comercial, tem movimentação em horário comercial. À noite, nos finais de semana, tem os moradores que o torna vivo. O Iphan pode custear a reforma dos casarões que são do governo federal. Nossa obrigação é fiscalizar e notificar. Com novo investimento do presidente, acredito que vão ter grandes melhorias.
Quem faz reforma nos prédios particulares são os proprietários. Os mais prejudicados são privados e o processo é diferenciado para recuperação desses espaços. Se ele (dono) receber uma notificação e informar o Iphan que não tem condições, vamos comprovar a hipossuficiência e o Iphan abre um processo e estudo de verificar a possibilidade de reconstruir buscando parceria com outros órgãos.
Fonte: Gazeta Digital