Emily Bispo da Cruz tinha 20 anos e cuidava do filho, de apenas 4, sozinha. A mãe já morreu e ainda tinha um pai ausente. Há pouco mais de um ano, conheceu Antonio Aluizio da Conceição Maciano. Sem imaginar o que ainda estava por vir, começou um relacionamento, mas, com pouco mais de seis meses, passou a encarar ameaças, agressões e viver um relacionamento abusivo, do qual acabou não tendo forças para lutar contra.
A jovem, ainda em busca de ter sua liberdade de volta, chegou a terminar, mas acabou cedendo às promessas de que tudo seria diferente e aceitou voltar. Mas estava enganada e voltou a viver com medo, precisou se esconder na casa de amigos e vizinhos. Chegou a ser colocada em cárcere privado na casa do suspeito. Teve sua privacidade invadida, quando Antonio passou a olhar o celular dela, tendo acesso à mensagens nas redes sociais.
Porém, sem uma rede apoio efetiva, Emily, que já temia por sua vida, ainda assim não procurou a polícia, não chegou a registrar um boletim de ocorrência, como outras centenas de mulheres, que às vezes, até mesmo por medo, não buscam ajuda da polícia. Ela pôs fim ao relacionamento, 24 dias antes, bloqueou o ex nas redes, esperando que assim teria paz.
Mas, na manhã do dia 16, quando saia com seu filho para levá-lo à creche, antes das 7h, foi perseguida uma última vez por seu algoz que, sem piedade alguma, de maneira fria e cruel, a esfaqueou mais de 15 vezes na frente de seu pequeno filho. Tendo, assim, sua vida interrompida.
Esse é mais um relato de uma mulher que sofre na mão de homens que se sentem donos e acreditam ter a posse da mulher. Só que é importante dizer que existem leis que podem ajudar as vítimas a conseguirem auxílio, apoios e até medidas restritivas.
O delegado Hércules Batista, responsável pela investigação do feminicídio de Emily, destaca a importância de as mulheres procurarem a Delegacia da Mulher, o Plantão 24 horas ou uma autoridade policial em suas cidades.
“É um crime absurdo, não tem justificativa, ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, ainda mais nessas circunstâncias, ainda mais na frente do filho de 4 anos de idade. Ele não se conformava com o fim do relacionamento. Conturbado, cheio de ameaças, ela era agredida, ameaçada, vivia com medo e, infelizmente, não procurou os órgãos especializados, não registrou boletim de ocorrência. E aproveito aqui para fazer um apelo às mulheres vítimas de violência a procurar a Polícia Civil para registrar ocorrência”, comentou o delegado, ao falar sobre as investigações que levaram a prisão do autor desse crime que chocou a população.
O delegado alerta que todas as mulheres podem contar com o apoio da Delegacia da Mulher, mas garante também que sempre que tragédias como essa acontecerem, a DHPP vai se fazer presente.
Por telefone, se a vítima estiver em situação de emergência, deve ligar para a polícia, no 190. Caso queira narrar a violência que vive sistematicamente, com condições de transcrever detalhes, aí o telefone é o 180, da Central de Atendimento à Mulher.
Fonte: www.leiagora,com,br