Mãe de jovem autista ferido com ‘taser’ em abordagem policial pede apuração do caso

No início da noite de domingo, 18, o jovem Maicon Nogueira da Silva (18) foi abordado por uma guarnição da Polícia Militar quando saiu de seu trabalho e seguia em direção ao bairro Jardim Amazonas, em Lucas do Rio Verde. Maicon estava com uma bicicleta elétrica.

De acordo com o boletim de ocorrências confeccionado pela polícia, o jovem invadiu a preferencial e em velocidade acima da permitida para a via, além de não ter farol para o período noturno.

Portador de Transtorno de Espectro Autista (TEA), Maicon ficou incomodado com a abordagem e reagiu com desconforto. Diante disso os policiais usaram o Taser, arma não letal (aplica choque) usada para imobilizar suspeitos em abordagens policiais.

A mãe de Maicon,  Francislene Cruz Nogueira, quer que o caso seja apurado. Ela procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrências, detalhando sobre o que aconteceu no domingo. “Ao ser abordado, ele imediatamente tirou o capacete e se identificou como autista, sendo que os policiais ignoraram essa condição”, relata Fran, acrescentando que ele foi revistado em seguida. “Por ser autista, ele se sente desconfortável com toque físico e começou a tremer”.

Além do boletim, Fran também procurou o Ministério Público Estadual com uma queixa contra os policiais militares que estavam de plantão e atenderam a ocorrência.

Ela também entrou em contato com a reportagem de CenárioMT, onde apresentou os documentos confeccionados esta semana, reforçando o pedido para que haja providências em relação a conduta militar.

Após ser liberado, ele passou mal por causa do nervosismo e ficou com dores no corpo”, acrescentou Fran, citando que o filho ainda foi alvo de deboche por parte de um terceiro militar, por conta de sua reação à situação.

Abordagem e sindicância

O Tenente-Coronel Paulo Secchi, comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar, falou a CenárioMT sobre o incidente ocorrido no domingo. Ele antecipou que abriria uma sindicância interna para apurar a conduta dos policiais envolvidos.

Segundo o comandante, a decisão de utilizar a Taser foi tomada devido ao comportamento alterado e agressivo do jovem durante a abordagem, conforme registrado no boletim de ocorrência pelos policiais. Somente após a condução do jovem, os policiais foram informados de que ele é autista, o que gerou questionamentos sobre a adequação do uso da arma não letal.

O 13º Batalhão está comprometido em esclarecer os fatos e, diante das denúncias, abriremos uma sindicância para ouvir todas as partes envolvidas. Isso inclui o jovem, possivelmente sua mãe, e testemunhas que possam ter presenciado o ocorrido. Além disso, vamos verificar se há câmeras na área que possam ter registrado a ação,” afirmou o comandante da PM.

Secchi ressaltou que o uso da Taser é uma decisão do policial no momento da abordagem, e a arma é classificada como não letal, sendo utilizada para imobilizar em situações necessárias. O comandante também destacou que, até o momento da abordagem, os policiais não tinham conhecimento do diagnóstico de autismo do jovem. A guarnição foi acionada devido à maneira como o jovem estava conduzindo sua bicicleta, em alta velocidade e de forma irregular, o que colocava em risco tanto a vida dele quanto a de terceiros.”

A intenção da guarnição era pará-lo para verificar a situação e orientá-lo a conduzir de acordo com as normas de trânsito, prevenindo assim possíveis acidentes,” concluiu.

A sindicância interna buscará esclarecer se a ação dos policiais foi adequada ou se houve algum excesso, garantindo a transparência e a responsabilidade no processo.

Fonte: Cenário MT

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