Cinco vítimas do líder espiritual Luiz Antônio Rodrigo da Silva relataram como ocorriam os abusos sexuais durante sessões de “aconselhamento”. Sem roupas para uma “lavagem” espiritual, elas eram acariciadas, abraçadas, apertadas, beijadas por Luiz, até que ele ficasse visivelmente excitado. Inquérito policial está na fase final de investigação sob sigilo, portanto, até mesmo a defesa das mulheres aguarda conclusão e parecer do Ministério Público (MP) sobre denúncia.
Advogadas de defesa das vítimas, Karime Dogan e Bruna Abdo, relaram que o líder da Casa Caboclo 7 Estrelas, no bairro Paulicelia, em Cuiabá, induzia as frequentadoras a acreditarem que se despirem e os abusos eram “normais” em uma sessão de descarrego.
“As meninas procuravam ele em determinada situação da vida para conselhos e ele dizia que, para aquele momento, era necessário o banho na sala a sós no terreiro de Umbanda. Ele moldava a situação para fazer com que elas acreditassem que aquilo era natural do processo de banho. Ele passava a mão, dava abraços, apertos e dava beijos. Em todos os casos ele ficava com o pênis ereto”, disse Karime.
Advogada enfatizou que o crime ocorreu não é uma “história” de suas clientes. Segundo ela, naqueles momentos as vítimas não conseguiam compreender o abuso sofrido, até que uma delas se sentir mal e começar a conversar com outras mulheres que frequentavam o local.
Líder espiritual, que é advogado e controlador interno da Câmara Municipal de Santo Antônio do Leverger (36 km de Cuiabá), foi preso no dia 5 de setembro, mas liberado após audiência de custódia. No Instagram, ele segue ativo e chegou a considerar a prisão como “situação inusitada” e mantém os rituais na no templo. O Legislativo municipal o afastou do cargo.
Após a prisão, Luiz chegou a publicar vídeos mostrando conversas das mulheres para tentar provar sua inocência. Segundo o acusado, as vítimas montaram um “conluio” contra ele para sujar sua imagem.
Para a advogada das vítimas, o suspeito está tentando “virar o jogo” com vitimização e ataque às mulheres. Uma delas é menor. Diante do comportamento do acusado em redes sociais, Karime explicou que as mulheres estão com medo e se sentindo ameaçadas.
Para ela, a Justiça ter dado liberdade ao suspeito impediu que mais meninas denunciassem os abusos, já que tem conhecimento que mais mulheres também passaram pelas sessões. No entanto, com as suas postagens e liberdade elas se sentem ameaçadas e envergonhadas. Advogada enfatizou que essas mulheres precisam denunciar o líder espiritual.
“Crime aconteceu, não é uma história, não é um conluio como ele disse. Não iremos admitir ameaças, porque quando ele vai nas redes sociais e publica conversas, fica atacando a honra das meninas dizendo que é mentira, ele automaticamente está ameaçando elas, sobretudo dificultam na identificação de outras vítimas, pois ficam com medo. O pior é que ele segue a vida dele normalmente, com os ritos em dia no local, mas será que essa casa é legalizada, tem alvará, tem autorização para ser um templo religioso?”, questionou a advogada.
Investigação
De acordo com a Polícia Civil, Luiz Antônio praticava os abusos alegando que era o espirito encarnado. Ele utilizava a rede social Tik Tok para atrair as vítimas para sua “tenda religiosa”, prometendo cura.
Uma das vítimas relatou à polícia que o procurou para pedir uma orientação e estavam em uma sala, mas no fim da conversa, Luiz pediu um abraço, empurrando a vítima contra a parede e em seguida a beijando.
Líder disse que estava possuído pelo espírito de Zé Pelintra e a questionava com frequência sobre seu casamento, pontuando que se ela se entregasse a ele iria sentir coisas que nunca sentiu e muita coisa melhoraria.
Fonte: Gazeta Digital